
A Humanities & Social Sciences Communications, revista científica de acesso aberto do portfólio Nature, publicou na última quarta-feira (13) um artigo que coloca o Brasil em evidência no cenário global da ciência e da inovação em políticas públicas. A publicação reconhece o trabalho do Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (NEES), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em parceria com a Blavatnik School of Government, da University of Oxford, que aplicou Inteligência Aumentada — a integração entre Inteligência Artificial e humana — para reforçar a resiliência da educação pública brasileira.
No estudo, os pesquisadores mostram como a automação da validação e triagem de livros digitais no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), um dos maiores programas educacionais do governo federal, resultou em maior eficiência, transparência e imparcialidade no processo de seleção de obras. A solução, baseada em IA, reduz o tempo e os custos dessa etapa crítica, preservando o papel humano onde ele é indispensável: a avaliação pedagógica e contextual.
O PNLD é responsável por garantir que milhões de estudantes das escolas públicas tenham acesso a materiais didáticos de qualidade. Contudo, desafios como desigualdade socioeconômica, crises sanitárias e impactos ambientais podem comprometer a eficácia de sua execução. O artigo aponta que a Inteligência Aumentada pode ser um caminho para superar esses obstáculos, agilizando processos e ampliando a equidade no acesso aos recursos.
Assinado por Ranilson Paiva, Janaína Xisto, Álvaro Sobrinho, Alan Silva, Felipe Sarmento, Filipe Recch, Sidarta Tenório, Andressa Carvalho, Ig Bittencourt e Seiji Isotani, todos pesquisadores do NEES, o estudo também discute a escalabilidade da solução, apontando seu potencial para aplicação em outros programas e áreas da gestão pública.
“Nossa pesquisa reforça um princípio central para a política pública contemporânea: a modernização não deve se dissociar da governança democrática. Ao viabilizar decisões mais rápidas e justas, a IA aplicada pelo NEES fortalece o Estado brasileiro quanto à sua capacidade de resposta a crises, sejam sanitárias, climáticas ou socioeconômicas, e amplia a equidade no acesso à educação de qualidade. Uma prova de que tecnologia e política caminham juntas em benefício da sociedade”, destacou o pesquisador Alan Silva, um dos fundadores do NEES juntamente com Ig Bittencourt e Seiji Isotani.
O NEES completa 14 anos este mês e cada vez mais se consolida como um centro de pesquisa e inovação. Reúne mais de 150 doutores e mil colaboradores, com pesquisadores de mais de 40 universidades nacionais e internacionais, e participa de várias políticas públicas relevantes e de impacto, como o PNLD e o Programa Pé-de-Meia.
“Com essa publicação, o NEES fortalece a pesquisa científica brasileira no cenário internacional, mostrando que inovação e política podem caminhar juntas para promover mais eficiência e qualidade na educação”, observa Alan.