Alessandra Debone conversa com gestores de Limoeiro para elencar pontos positivos e pontos que precisam de atenção na rede municipal de ensino

Com foco na melhoria da educação pública no Brasil, o Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (NEES) está com duas importantes ações no município de Limoeiro, na Zona da Mata de Pernambuco, distante 85 quilômetros da capital, Recife.

Uma das iniciativas é o programa  Jornada da Equidade Educacional que busca construir soluções alinhadas à demanda e contexto local de pequenas cidades brasileiras. A rede municipal de Limoeiro tem cerca de 6 mil alunos, 25 unidades de ensino (escolas e creches) e 530 professores.

A outra é a realização de um programa piloto de um aplicativo desenvolvido pelos pesquisadores do NEES, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), para registrar a frequência escolar usando apenas um dispositivo móvel, sem a necessidade de conexão à internet . Atualmente, em Limoeiro, esse registro é feito ainda em cadernetas de papel, sem uso da tecnologia. Por isso, trata-se de um local adequado para a realização dos testes.

JORNADA

O lançamento da Jornada da Equidade Educacional ocorreu no dia 1 de dezembro, quando foi assinado um acordo de cooperação entre o NEES, a Universidade Federal de Alagoas (a qual o NEES é vinculado) e a Secretaria de Educação de Limoeiro. 

“Realizamos uma oficina com os gestores da Secretaria de Educação. Elencamos pontos positivos e pontos que precisam ser melhorados. O pessoal está muito engajado, foi uma boa discussão. Criamos um mapa e pretendemos, nos próximos meses, criar soluções inovadoras, junto com as escolas, para a melhoria da aprendizagem em Limoeiro”, explica a coordenadora da jornada, Alessandra Debone

A Jornada da Equidade utiliza materiais e metodologias adaptadas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, focadas no desenvolvimento de políticas públicas inovadoras, escaláveis e baseadas em evidências. A ação já vem sendo realizada na cidade alagoana de São Sebastião.

“Precisamos trazer a equidade para nossa rede, existe um desnível grande, com escolas com muito melhores resultados que outras. A jornada vai nos ajudar a identificar problemas e a reavaliar nossas políticas. Para que efetivamente haja avanço na aprendizagem de todas as escolas do município”, destaca o secretário de Educação de Limoeiro, Fernando Melo.

FREQUÊNCIA 

Para coletar e armazenar os dados de frequência escolar de todo país, o NEES criou o Sistema de Acompanhamento e Atenção a Estudantes da Educação Básica (SIAAEB). 

O coordenador do projeto, Thales Vieira, informa que o sistema foi implementado, em caráter experimental, em quatro colégios públicos de Limoeiro: Escola Municipal Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco; Escola Municipal João Heráclio Duarte; Escola Municipal Desembargador José de Vasconcelos Aquino e a Escola Municipal José Teobaldo de Azevedo.

“Todo o registro da frequência escolar em Limoeiro ainda é feito no papel. O sistema que desenvolvemos no NEES permite que haja esse registro usando um telefone celular de baixo custo e até mesmo sem conectividade”, informa Thales

Aplicativo desenvolvido pelo NEES para registro de frequência escolar está sendo testado em quatro escolas municipais de Limoeiro

A cidade pernambucana foi escolhida pelo NEES e pelo MEC justamente por não utilizar nenhuma tecnologia na anotação da frequência dos alunos. É o primeiro município do País a testar o SIAAEB.

“Não há um sistema nacional integrado que mostre os dados de frequência, o que dificulta saber como está a evasão escolar. A ideia é que o SIAAEB permita que o MEC acompanhe essas informações com uma base centralizada. Além do aplicativo que está sendo testado em Limoeiro, o SIAAEB deve permitir a integração com os sistemas de outras redes de ensino de todo país, de modo que seja constituída uma base nacional centralizada de dados dos estudantes”, informa Thales. 

Segundo o pesquisador do NEES, o sistema também será testado, neste mês de dezembro, em quatro escolas municipais de Maceió. A ferramenta foi apresentada também ao secretário de Educação do Recife, Fred Amancio, no final de novembro.

“Ainda usamos o diário de classe tradicional de papel. Fazemos o monitoramento da frequência dos alunos, mas é um processo demorado. Com o uso da tecnologia, teremos mais agilidade e mais qualidade porque vai facilitar o trabalho dos professores e dos coordenadores”, observa o secretário Fernando Melo.

“Saíremos da Idade da Pedra, de um sistema arcaico e lento para outro moderno. Só temos a ganhar com isso, seja na tomada de decisões ou na melhoria dos processos”, complementa o gestor da rede municipal de Limoeiro.